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Melhoramento Genético e Pressão Seletiva na raça Pastor Alemão

 

por Humberto Gautério

 

Para entender melhor como funciona o melhoramento genético e a pressão seletiva, é importante ter em mente o funcionamento da seleção artificial. Esta consiste na seleção de indivíduos com determinadas características desejáveis, promovendo o cruzamento entre estes, usando a mesma lógica de seleção nas gerações seguintes. Isso faz com que os genes responsáveis pelas características selecionadas tenham sua frequência aumentada, fixando características e formando tipos uniformes.

Focar em melhoramento genético significa manter critérios rígidos na seleção dos indivíduos que serão os formadores das gerações subsequentes, direcionando a criação para um patamar mais elevado em termos de qualidade total da população. Basicamente tudo começa com a decisão de quais animais de uma geração irão tornar-se os pais da próxima geração. Ou seja, pode se entender a seleção como sendo a decisão de permitir que os melhores indivíduos de uma geração sejam os pais da geração subsequente. Pode-se afirmar que o melhoramento genético começa a acontecer permitindo com que apenas os melhores animais se reproduzam mais, e que estes deixem maior prole.

Já a pressão de seleção, ou pressão seletiva, consiste na definição de critérios mínimos de desempenho para nortear a criação, exercendo uma pressão sobre a população reprodutiva, focando os acasalamentos nos indivíduos (reprodutores e matrizes) considerados mais aptos. Ou seja, quanto maior for a pressão de seleção, mais satisfatoriamente se alcançará o melhoramento genético.

É importante destacar que, para existir um melhoramento genético consistente em uma raça canina, se faz necessário um trabalho de direcionamento de longa duração, com uma pressão de seleção bem definida, a qual seja capaz de alcançar sucessivas gerações.

Todavia cabe destacar que na criação canina, a seleção artificial é feita, em última instância, por cada criador, a sua livre escolha. Ou seja, a formação dos pares que serão os responsáveis pelo nascimento das próximas gerações são de livre arbítrio dos donos dos cães, via de regra, dos donos das fêmeas (matrizes) as quais irão formar par com os reprodutores.

Então como direcionar o melhoramento genético de toda uma raça canina satisfatoriamente?

Especificamente a criação de cães da raça pastor alemão é cercada de uma riqueza de critérios única no mundo da cinofilia, e, infelizmente, muitos criadores por vezes reclamam de tais critérios. Talvez por não entender ao certo o porquê deles existirem.

A verdade é que a criação séria e focada em melhoramento genético precisa estar baseada em pressão de seleção. Sem isto, a evolução se dará a passos lentos ou sequer ocorrerá. Na rede mundial especializada da raça Pastor Alemão (Welt Union Schäferhunde Verein – WUSV), da qual o Clube Brasiliero do Pastor Alemão é o único integrante no país, vários são os critérios obrigatórios para uso dos cães na reprodução. Criterios estes, que aumentam a pressão de seleção sobre a população reprodutiva:

- isenção de displasia tanto de quadril quanto de cotovelos para uso dos cães na reprodução;

- avaliações previas para uso dos cães na criação (animal Permitido ou Selecionada para Reprodução);

- coleta e envio de DNA dos reprodutores e matrizes para o clube central da raça (SV - Alemanha);

- distinção de pedigrees em diferentes patamares (cores), direcionando a criação para níveis elevados;

- imposição de provas de adestramento (especificamente o IGP) como critério para obtenção de qualificações máximas para os cães (e num futuro breve para pedigrees premium).

Todos os critérios acima descritos, entre outros, são exemplos práticos de como a criação da raça Pastor Alemão está direcionada para o melhoramento genético, diferentemente de outras redes de clubes da cinofilia mundial, as quais carecem de critérios mais rígidos para proporcionar uma evolução canina mais eficaz e consistente.

Manter a pressão de seleção, ano após ano, mostra o empenho da rede WUSV com o melhoramento genético do cão pastor alemão e prova o porquê da raça ser reconhecida, nos quatro cantos do mundo, como um fenômeno da cinofilia e um exemplo a ser seguido.