Princípios que nortearam a fundação do Clube Brasileiro do Pastor Alemão.
O CBPA foi criado com o objetivo de se tornar uma entidade voltada para o congraçamento de pastoreiros e para o desenvolvimento da raça, nos seus mais diferentes aspectos, respeitando os seus congêneres em todo o mundo, em especial as filiações e acordos internacionais. E os que o criaram consideram tão importante quanto isto o respeito à vontade das pessoas, que devem ser vistas como parceiras, jamais como vassalas dos que se incrustam no poder e que para nele se manterem são capazes das práticas mais perversas e degradantes.
As suas portas, assim, estão inteiramente abertas para os que se identifiquem com as práticas democráticas, em especial com a escolha de dirigentes pelo voto direto dos pastoreiros e da plena autonomia dos poderes e dos clubes filiados. Estão abertas mesmo para aqueles que, no primeiro instante, optaram por outros caminhos. Por isso mesmo, os que o criaram não vêm a servidão como um destino inexorável, o silêncio como um serviço que deva se prestar a qualquer causa, a omissão como um pecado menor e a restrição ao ingresso de alguns, como instrumento justificável de obtenção ou manutenção de poder ou de retaliação por desavenças de outrora.
O CBPA foi criado por pessoas que não consideram as idéias perigosas, ao contrário, defendem que elas devam fluir constantemente, contribuindo para a correção de rumos e para a busca de melhores soluções para o pastoreirismo nacional. Elas rejeitam a tese de que, na corte, a arte mais necessária não é abordar coisas importantes, mas se calar.
O CBPA pretende ser um clube onde as regras valham para todos indistintamente e onde os castigos não sejam destinados aos independentes e as premiações aos que se ajoelham contritos aos pés do trono, pois anseia por colaboração e deplora qualqeur tipo de subserviência. Os seus estatutos celebram essas idéias, mas para que elas se tornem realidade é indispensável que nenhum dos seus integrantes tenha medo de expressar a sua opinião sempre que ela se faça necessária e cobrar, de qualquer diretoria e mesmo de eventual maioria, a sua fiel observância. Os adeptos do CBPA devem entender que mais importante do que a sigla que sirva para reunir os pastoreiros, são as práticas que ele venha a adotar, cujas pedras angulares são a defesa da pluralidade de opiniões, o respeito aos direitos individuais, o voto unitário, a independência de poderes e a autonomia das filiadas.
Para destacar a importância da conduta desabrida e independente dos associados, e da liberdade que deve imperar no novo clube, vale a pena reproduzir texto sobre o medo, de um dos maiores pensadores da humanidade, Eduardo Galeano, que disse um dia: “Certa manhã, ganhamos de presente um coelhinho das Índias. Chegou em casa numa gaiola. Ao meio-dia, abri a porta da gaiola. Voltei para casa ao anoitecer e o encontrei tal e qual o havia deixado: gaiola adentro, grudado nas barras, tremendo por causa do susto da liberdade.”O CBPA foi criado para libertar os criadores que até agora se conformaram em ser meros espectadores de decisões que lhe diziam respeito diretamente. Em resumo, teve como escopo garantir um ambiente propício a que os pastoreiros exerçam plenamente a sua cidadania e abandonem as gaiolas aonde foram deixados por tantos anos.
O CBPA é a oportunidade rara de muitos arquivarem os seus medos e de não se assustarem com a liberdade que ali se proporcionará a todos.