A comunidade pastoreira latino-americana e mundial foi surpreendida por uma comunicação da POA, onde esta importante e prestigiosa entidade pastoreira comunica aos seus associados a decisão da WUSV/SV de cancelar a homologação dos juízes alemães que iriam julgar a Exposição Principal de Criação Argentina em 2022, Sr. Richard Brauch e Sra. Margit Van Dorssen. Nesta comunicação, a POA cita o CBPA – Clube Brasileiro do Pastor Alemão, atribuindo-nos, em certa medida, a responsabilidade por tal ato da WUSV/SV, que, na verdade, deu-se em virtude da violação, por parte da POA, da Cláusula 12 dos Estatutos da WUSV, a conhecida cláusula que dispõe o “dever de solidariedade” entre todos os clubes associados À União Mundial dos Clubes de Pastores Alemães e o correspondente dever de reconhecimento dos atos de criação dos clubes irmãos, sempre que estes se dão em estrito cumprimento e observância das regras cinotécnicas emanadas pela WUSV, postas em vigor mediante votação nas assembleias anuais da União Mundial. E a POA, além de atribuir ao CBPA a responsabilidade pela consequência de seus próprios – POA – atos, faz referências absolutamente desrespeitosas ao nosso Clube, que, diga-se de passagem, sempre nutriu profundo respeito pela POA e pelo pastoreirismo argentino. Cumpre-nos o dever de esclarecer alguns pontos, e é o que fazemos agora. POA afirma que tentou resolver o impasse decorrente da recusa em aceitar a inscrição de exemplares com pedigree emitidos pelo CBPA mediante o diálogo. Isto não é verdadeiro. Desde 2021 o CBPA, por intermédio de seu presidente José Carlos Silveira, enviou mensagens por e-mail à POA pedindo que esta manifestasse oficialmente sua posição a respeito dos pedigrees emitidos pelo CBPA após o rompimento do vínculo contratual mantido com o agente nacional da FCI, a CBKC – Confederação do Brasil Kennel Clube. Jamais obtivemos resposta da POA, possivelmente pela ciência que esta entidade argentina tinha e tem do dever de solidariedade insculpido na Cláusula 12 dos Estatutos da WUSV. A POA preferiu calar-se e não enfrentar o debate que inevitavelmente decorreria de eventual recusa em reconhecer nossos pedigrees. Já em 2022, precisamente em 22/02/2022, o CBPA enviou à POA um e-mail solicitando informações sobre o procedimento para inscrições na “Sieger” Argentina”; Em 23/02, sem que tenha havido resposta para o primeiro e-mail, enviamos uma segunda mensagem, encaminhando 3 inscrições; Em 02/03/2022, diante da falta de qualquer resposta, o CBPA enviou nova mensagem solicitando a confirmação das inscrições; Em 07/03, ainda sem obter qualquer resposta, reiteramos a solicitação de que fossem confirmadas as inscrições; no dia 14/03/2022, AINDA SEM RESPOSTA, renovamos a solicitação de confirmação e pedimos instruções para a realização do pagamento; nesta data, recebemos mensagem do Sr. Horácio Domingues onde este simplesmente informa que as inscrições deveriam ser pagas pelo Clube por ocasião da Sieger. Ou seja, qualquer interlocutor de boa-fé entenderia que, em que pese a renitência e a comunicação “telegráfica”, as inscrições haviam sido aceitas, eis que não houve qualquer manifestação em sentido contrário; em decorrência, no dia 15/03 foi encaminhado outro e-mail com nova inscrição, além da consolidação das três primeiras inscrições; Em 17/03, o CBPA encaminhou a sétima mensagem por e-mail, incluindo resultados das placas (raio X) de dois exemplares, juntamente com mais uma inscrição. Finalmente, em 16/03, diante de um texto que circulou nas redes sociais e no WhatsApp, atribuído ao Sr. Horácio Domingues, onde comunicado que a POA somente aceitaria inscrições oriundas do Brasil de
exemplares com pedigrees chancelados pela CBKC/FCI, encaminhamos nova mensagem à POA requerendo confirmação da autoria e do teor da mensagem. Não obtivemos resposta até o presente momento. Ainda encaminhamos, em 16/03 e 17/03, mais duas mensagens com duas inscrições adicionais; Em 21/03, encaminhamos mais duas inscrições; Em 22/03, também por e-mail, encaminhamos mais uma inscrição; da mesma forma, em e-mail de 23/03/2022. Até o presente momento, sem qualquer resposta. Ou seja, o CBPA jamais foi procurado pela POA para dialogar sobre estas questões, em que pese ter reiteradamente solicitado posicionamento oficial deste prestigioso clube pastoreiro sul americano. É também importante destacar que em janeiro ou talvez no início de fevereiro houve uma conferência de delegados da COAPA com o presidente da WUSV, com participação especial do secretário-geral do REAL CEPPA, e esta questão – rumores sobre a negativa de reconhecimento de pedigrees de clubes WUSV e COAPA – foi abordada, tendo o presidente da WUSV dito que tal situação caracterizaria uma violação expressa da Cláusula 12 dos Estatutos da WUSV, e que o clube eventualmente infrator submeter-se-ia a sanções. Este evento contou com delegados da POA, que não se manifestaram. Este é o histórico e a verdade a respeito do impasse que se criou, tendo o CBPA reiteradamente buscado obter da POA posicionamento sobre reconhecimento de nossos pedigrees, sem obter qualquer resposta da POA. HISTÓRICO DA RELAÇÃO CBPA-POA E DA PARTICIPAÇÃO DE EXEMPLARES CBPA NAS SIEGER ARGENTINAS
É notória e insofismável a relação de profundo respeito que o CBPA sempre buscou manter com a POA, e o reconhecimento de nossos dirigentes e associados da pujança da cinofilia pastoreira argentina e da importância da sua Exposição Principal de Criação. Há cerca de 6 anos, o CBPA inscreveu cerca de 85 exemplares na Sieger Argentina daquele ano, correspondendo a cerca de 15% do total de cães inscritos neste magnífico evento; Nos anos seguintes, tivemos participações de 50, 60 cães; cremos não estarmos enganados ao referir que na última Sieger Argentina realizada, participaram 25 exemplares inscritos pelo CBPA. Entre os juízes estrangeiros que julgam nossas exposições, ao longo dos anos, a imensa maioria é constituída por prestigiosos juízes argentinos, que julgam em todas as regiões de nosso imenso país. Recentemente, nos Eventos COAPA 2018, realizados no extremo sul do Brasil, na cidade de Porto Alegre, tivemos a oportunidade de receber com fidalguia uma numerosa delegação argentina. É notória a expressão, a importância e a contribuição da criação argentina para a criação brasileira, e especialmente para os associados do CBPA; gostamos de pensar que esta tornou-se uma via de mão dupla, tendo em vista a contribuição que, recentemente, filhos e filhas de exemplares com pedigree CBPA, como os VAs (Alemanha) Nero e Tell von Ghattas, aportam para a admirada criação argentina, assim como descendentes, no passado recente, do VA Kronos von Nürburgring. De forma que lamentamos profundamente as referências ácidas e desrespeitosas feitas ao CBPA na nota da POA, dando a entender que buscamos envolver a POA em “questões políticas internas” as quais não pudemos ou não quisemos resolver; a verdade é bastante distinta, e temos convicção de que se a POA não enfrenta problemas com o agente FCI na Argentina tais quais os que enfrentamos, isto talvez se deva as atitudes que tomamos em defesa das nossas prerrogativas cinotécnicas e em defesa das regras de criação e do desenvolvimento do pastor alemão, regras que até então sempre tiveram na POA também um baluarte em sua defesa. E então pensamos que é especialmente oportuno esclarecer a comunidade internacional das razões do rompimento do nosso vínculo como o agente brasileiro da FCI, a CBKC, rompimento efetuado em março de 2021.
HISTÓRICO DA RELAÇÃO E ROMPIMENTO CBPA/CBKC/FCI. ROMPIMENTO WUSV/FCI. DECISÃO SV DE ACEITAR TODOS OS PEDIGREES EMITIDOS POR CLUBES WUSV (MESMO QUE NÃO INTEGRANTES DA FCI) DESDE QUE MEDIANTE REGRAS DE CRIAÇÃO WUSV. INSURGÊNCIA DA VDH/FCI MEDIANTE AÇÃO JUDICIAL, GANHA PELA SV/WUSV, TRANSITADA EM JULGADO NA EUROPA. REGRA DE RECONHECIMENTO DE PEDIGREES EXCLUSIVAMENTE POR LEALDADE
ASSOCIATIVA DA FCI TORNADA NULA POR DECISÃO JUDICIAL. POA VIOLA CLÁUSULA 12 DO ESTATUTO DA WUSV EM ATENDIMENTO A PRESSÃO ESPÚRIA DA CBKC/FCI/FCA POR REGRAMENTO CONSIDERADO ILEGAL. O Clube Brasileiro do Pastor Alemão vinculou-se desde sua fundação à CBKC e à FCI, buscando o vínculo também desde seu nascimento com a COAPA e WUSV. Cumprimos, desde sempre, com todos os nossos deveres contratuais com a CBKC/FCI, especial, mas não somente pagamento das vultosas taxas de criação. Após o rompimento do convênio que unia WUSV e FCI, em 2018, gradativamente passamos a sofrer pressões da CBKC, invadindo nossas competências e primazias técnicas; exemplos disto foram a deliberação da CBKC que os juízes de pastor alemão seriam formados por aquela entidade, cabendo ao CBPA apenas indicar postulantes; a pressão para que entregássemos todos os nossos dados de registro genealógico; a pressão para que fossem realizados “registros iniciais” de pastor alemão, por juízes CBKC; mais adiante, quando comunicamos a adesão do CBPA ao programa de uniformização de criação da WUSV, recebemos comunicação da CBKC, em forma de ultimato, determinando que renunciássemos a nossa filiação à WUSV e à COAPA, exigindo também que declarássemos que o CBPA atenderia e cumpriria somente as regras técnicas emanadas pela CBKC/FCI (antes deste ultimato, recebêramos comunicação determinando que nos abstivéssemos de vincular, em nossas comunicações institucionais, quaisquer vinculação com a União Mundial e com a COAPA). Ao receber este último ultimato - renunciarmos ao nosso vínculo com WUSV e COAPA, e ao acatamento das regras cinotécnicas emanadas da WUSV/SV, sob pena de rompimento unilateral do vínculo contratual, por parte da CBKC – respondemos altivamente que não nos submeteríamos e continuaríamos fiéis e legais a tudo o que nos caracteriza como pastoreiros. Esta foi a razão e os acontecimentos que determinaram o fim do vínculo do CBPA com a CBKC/FCI. Parece-nos que a CBKC internalizou os dissensos entre WUSV e FCI de uma forma que nenhum outro agente nacional da FCI na América do Sul encampou. Por tudo o que conhecemos do altivo temperamento argentino, do altivo temperamento dos associados e dirigentes da POA, uma vez submetidos às mesmas pressões, outra não seria a atitude da POA que não a mesma que fomos obrigados a adotar. Mas é surpreendente e decepcionante que a POA tenha, por outro, se submetido e se curvado às espúrias pressões da CBKC/FCA. É importante ter em mente o seguinte: em dezembro de 2020, a SV divulgou um comunicado informando que aceitaria, em seus livros genealógicos, todo e qualquer pedigree emitido por clube WUSV, ainda que não integrante da FCI, sempre que atendidas as regras de criação da WUSV. Contra esta deliberação soberana da SV – que integra a VDH, o agente FCI na Alemanha – a VDH e a FCI ingressaram com ação cautelar, requerendo que a jurisdição alemã (que alcança a União Europeia) proibisse a SV de aceitar estes pedigrees, invocando uma regra de lealdade associativa. A justiça alemã, em decisão que transitou em julgado, decidiu pela improcedência da ação cautelar, entendo que a única razão invocada pela VDH/FCI decorria de sua posição de força e monopólio, eis que as regras de criação da WUSV e SV são cinotecnicamente mais exigentes dos que as simples regras da FCI, e declarou a nulidade do regramento da FCI. Como decorre de ações cautelares, seguiu-se a correspondente ação principal, que será oportunamente julgada, pelas mesmas instâncias que julgaram a cautelar, e cuja lógica jurídica, a ratio decidendi, é, a toda evidência, a mesma. Então, o que realmente surpreende e causa espécie é que a sempre justificadamente altiva POA dobrou-se, sem qualquer pejo, à pressão da CBKC exercida sobre a FCA, com fundamento em uma regra da FCI presentemente com validade suspensa por decisão judicial, preferindo manter-se leal à FCI a manter-se leal com o ordenamento cinófilo pastoreiro mundial. Com isto, não estamos afirmando que a POA deva afastar-se da FCA ou da FCI; perceba-se que a própria SV permanece vinculada à VDH e à FCI, sem renunciar às suas posições, e sua primazia técnica nas questões da raça pastor alemão. Ou seja, tendo em vista a força, a pujança, a expressão da POA, é surpreendente que esta não tenha feito valer a sua autoridade para, diante das espúrias pressões da FCA, afirmar seu dever de lealdade aos clubes irmãos da COAPA e da WUSV. Atualmente, quase 40% dos Clubes WUSV não são clubes FCI, sendo o REAL CEPPA espanhol um exemplo muito notório.
Nós, em que pese todo o afirmado, reafirmamos o respeito e a admiração pela cinofilia pastoreira argentina, e pela sua instituição máxima, lamentando, entretanto, que seus atuais dirigentes, por soberba, tenham privado aos seus associados de ter, como sempre, juízes SV em seu evento maior, causando enorme prejuízo, já que nenhuma qualificação será reconhecida por qualificação WUSV, deixando seus participantes de terem a oportunidade de, por exemplo, obter um prestigioso VA WUSV. Nós do CBPA, ao assumirmos incondicional lealdade aos nossos vínculos com a WUSV, com a SV, com a COAPA, e com todos os clubes irmanados na defesa da criação e da evolução do cão pastor alemão, respondemos pelas consequências de todos os nossos atos. Não esperávamos não ter a lealdade argentina. Mas todos devemos responder por nossos atos e por suas consequências. Esperamos sinceramente que este mau momento seja realmente superado e que possamos seguir em nossas trajetórias comuns em prol do desenvolvimento do pastor alemão em nosso continente.
A Diretoria